O que é um RPG?
Os
RPGs podem se jogados de diversas formas, tais como leitura, atuação, com
vestimentas e ações pertinentes, de tabuleiro, com dados, lápis e papel,
eletrônica, ect.
Independente
da modalidade, o jogo é guiado pelo mestre, ou game master (GM). Este dita as regras, narra, escolhe os cenários,
atribui condições e eventos de modo a conduzir o jogo, garantido diversão e
desafio, instigando o desenvolvimento dos jogadores e dos personagens. O mestre
geralmente controla tudo que não é o jogador, cria sistemas aos quais se
vincula também.
Os
sistemas de regras funcionam pela predeterminação destas. É um tanto complexo e
rico e requer certa maestria para se criar um. Algumas empresas até vendem
esses sistemas, mas não há nada que impeça os jogadores de criarem suas regras
particulares para seus jogos, pois o que importa é que o sistema seja harmônico
e autossuficiente.
Um
dos elementos que compõem os jogos de RPGs são os cenários. É importante tem um
mapa, ter uma física determinada, para se ter sincronia dentro do jogo, fazendo
com que a iteração entre jogador ambiente ocorra de forma cadencial, organizada
e sistêmica. Os mais diversos cenários podem existir dentro do jogo, com
conexão para todo tipo de topografia, seja real, fantástica, medieval, atual,
futurista, etc.
A
narração do jogo faz parte do RPG. É a história, o que fez a coisa ser assim, a
evolução, o antes, o enredo, a ocasião. Diversas narrativas podem se encaixar
num mesmo sistema de jogo.
Os
jogadores podem criar seus próprios personagens, obedecendo as regras do
sistema do jogo, como, por exemplo, a quantidade inicial de pontos de atributos
a serem distribuídos no momento da criação. Alguns RPGs que usam lápis e papel
chegam a ter cerca de 200 campos para preenchimento, quando da criação de um
personagem.
O
mestre do jogo costuma ser um jogador com grande conhecimento de tudo. Ele dita
o artifício, descreve de forma detalhada o ambiente (chegando a gastar vinte
minutos para descrever a entrada de uma caverna), escolhe quais eventos podem
acontecer ou não, bem com as condições de cada ambiente, dado o andamento da
narrativa, ao que temos como exemplo, em um sistema definido, com os jogadores
dentro de uma caverna, chover ou não chover não faz diferença, pois estão
dentro da caverna, ao passo que, se a caverna tiver conexão com um rio, ou uma
fenda em sua parte superior, a caverna poderia até inundar. Estas circunstâncias
estão sob controle do mestre, sempre respeitando o sistema do jogo.
É
importante que o mestre deixe os jogadores livres para fazerem o que quiserem,
sempre respeitando as regras do sistema do jogo. Se um jogador quiser mergulhar
em um lago, que mergulhe, desde que previamente determinada sua habilidade para
mergulhar. Ainda assim, o mestre deve permitir o andamento da história
(narrativa). Em jogos eletrônicos, tem-se como definição de mestre o algoritmo
da programação do jogo. Geralmente, quando o jogador não obtém sucesso em suas
ações, ele costuma citar o nome do criador do jogo, como uma forma de
reclamação, ainda que jogando sozinho em seu quarto. Com o avanço das
comunicações, ficou muito mais fácil se aproximar do criador do jogo, do mestre
daquele algoritmo, podendo fazer sugestões, reclamações ou elogios.
Outro
aspecto que está sob o comando do mestre não os NPC (non player character), ou seja, personagem não controlado pelo
jogador. Imaginemos que o grupo de jogadores cheguem à uma cidade, os cidadãos
dessa cidade são todos controlados pelo mestre. Os inimigos em confronto com os
jogadores também são todos controlados pelo mestre. O jogador, a bem dizer,
somente controla o personagem por ele criado e nada mais.
O
elemento aleatório está presente nos jogos, seja por algoritmo lógico nos jogos
eletrônicos, seja por meio de dados, em jogos de tabuleiros, seja por outros
recursos de obtenção aleatória e incerta de caracteres. Os dados são uma forma
muito comum para apurar a chance de sucesso ou fracasso em uma ação. Jogar um
dado é sempre uma emoção única! “Vai abrir um baú? Se tirar o número dez ao
jogar um dado de vinte lados, vai receber uma arma lendária!” Quanta emoção ao
jogar um simples dado na mesa.
Claro
que cada sistema define seu próprio segmento de chances, porém, é bem comum se
utilizarem de dados, das mais variadas quantidades de lados. D10, dado com dez
lados; D8, com oito lados, e assim por diante, o quanto a geometria poligonal
permitir.
Ao
falar de um ambiente, um cenário, o local onde os personagens estão, é seguro
se utilizar de um mapa, um desenho, um recurso, no qual todos os jogadores
podem identificar a posição geográfica dos personagens e do ambiente.
Corredores, portas, inimigos, buracos, tudo pode ser facilmente qualificado
numa folha de papel.
É
comum que as partidas também sejam jogadas em tabuleiros que representem o
cenário descrito pelo mestre. Nesses casos, são utilizadas miniaturas que
demonstram a localização de cada personagem jogador e também aqueles
controlados pelo mestre. Conforme os personagens se descolocam, os jogadores
movem as miniaturas pelo tabuleiro.
Uma
característica do RPG é a imersão que o jogo traz. As partidas geralmente são
demoradas e como geralmente requerem a participação de mais de um jogador, ao
paralisarem o jogo para posterior retorno, este se dá no ponto em que pararam. Alguns
chamam de “partida” mesmo, outros, de “campanha”, pois não tem necessariamente
um fim, mas sim uma cadeia de evento. Ao retornarem para o jogo, para
prosseguirem na narrativa, os jogadores sempre usam os mesmos personagens
outrora criados e isso faz com que reforcem sua vida dentro do jogo, para não
perderem sua criação (seu personagem), além de trazer grande imersão.
Um
dos primeiros RPG foi o famoso Dungeons
and Dragons, lançado em 1974, por Dave Arneson e Gary Gygax. É mundialmente
conhecido por seu sistema de jogo, com aqueles seis consagrados atributos,
classicamente conhecido por todos que jogam RPG: força, destreza, constituição,
inteligência, sabedoria e carisma. A partir do D&D, diversos outros RPGs
surgiram, embora o D&D ainda seja líder no mercado. Ao trazer a jogada dos
dados, fichas de personagens e tabuleiros, D&D também inspirou diversos
jogos eletrônicos e, em 1983, surgiu uma série animada com o mesmo nome. Aqui
no Brasil, foi conhecida com “Caverna do Dragão”.
O
RPG eletrônico limitou muito a ação do jogador, pois este só pode fazer o que a
programação do jogo permite. É apenas mais um sistema que, apesar de inibir
infinitas ações do jogador, ainda assim manteve a denominação “RPG” pois ainda
várias outras características estavam presentes, quando comparadas com o RPG de
mesa, com um tabuleiro e pessoas ao redor. Com a evolução das plataformas, a
qualidade da programação e a área de alcance dos jogos, surgiram diferentes
tipos de RPGs, tais como MMO (massive
multiplayer online), live action
(como uma encenação literal), PBem (play by email), tradicional (mesa e
tabuleiro físicos, com pessoas ao redor), literal (lendo um livro), turn based (baseado em turno
jogador<>inimigo), play by fórum
(fórum de jogadores), play by web (sites com mesas de tabuleiros virtuais).
O
RPG de mesa tradicional envolve livros, dados, lápis e papel. Temos como
exemplo desta forma primária de RPG, o Hero
Quest e o Dungeons and Dragons.
O
live action é quase um filme,
interpretado por jogadores, que estão, na verdade, jogando, não encenando. É
jogar os dados e interpretar as ações do personagem, como, ao pular um
buraco, pular de um sofá para o outro (cuidado com a queda). Há também as
vestimentas características e, mesmo com poucos recursos, a criatividade se faz
aparecer. Apesar de parecer que as ações dos jogadores sejam livres, e
realmente são bem livres, ainda há limites impostos pelo sistema do jogo e pelo
mestre. Não há, necessariamente, dados para jogar, podendo haver outras formas
de percepção aleatória, como, por exemplo, a própria capacidade física do
jogador. Experimente fugir de uma avalanche, que é o cenário do personagem,
apenas correndo pela rua, que é o real cenário do jogador.
Literal
é ler o livro e seguir os parágrafos do livro. Para cada ação, ir a um
determinado parágrafo. Basicamente é pegar o livro e, conforme suas escolhas,
seguir os parágrafos indicados. Pode ser jogado por mais de uma pessoa ao mesmo
tempo, com mais de um livro, mas é mais comum jogar solo. É típico jogar deitado na cama, mas não prestes a dormir, pois é um jogo, e os jogos tem o poder de
afastar a vontade de dormir.
Play by email e Play by fórum: estes dois podem ser
classificados como um MMO, com latência de dois dias. É realmente mandar um email contendo todas suas ações para
todos os demais jogadores, inclusive o mestre, e este analisará o mundo, e
responderá a mensagem de volta para todos os jogadores. Pelo fórum, a narrativa
é muito maior que pelo email.
O
MMORPG (massive multiplayer online RPG)
seria um subgênero do RPG, onde é obrigatória uma conexão em rede para poder se
conectar a um servidor. Costumam ser jogos quase que infinitos, pois há muito
que se fazer dentro de um MMO e não há necessariamente um fim já que as
atualizações são constantes e, mesmo os MMOs que já não sofrem mais
atualizações, se houver jogadores e condições de manter um servidor, com
certeza haverá gente ali para jogá-lo. Possuem um nível muito alto de
interações e muito mais liberdade que os jogos não qualificados como MMORPG.
Mesmo dentro da comunidade, alguns jogos eletrônicos são tem consenso em sua
classificação. Alguns dizem que um jogo é um RPG, outros dizem que é de ação,
outros poderiam chamar de “RPG de ação", outros poderiam chamar de “ação
com elementos de RPG”. No fim, o que importa é a diversão.
O
MMO foi inovador em um ponto: conectar milhões de jogadores do planeta inteiro,
jogando ao mesmo tempo. Isso aproximou pessoas, literalmente; surgiram namoros
e casamentos tanto dentro do jogo quanto na vida real. É um mundo virtual com
novas iterações, possibilitando novas amizades reais aos jogadores. Em 1997,
Ultima Online tornou popular o gênero MMO. Após, veio Everquest, com gráficos
belíssimos para a época. Ragnarok trouxe a mitologia nórdica para muitos
novatos em MMO. São amplamente conhecidos “World
of Warcraft’ e “Final Fantasy XIV”.
Essa conexão mundial
de jogadores trouxe o RPG para um novo patamar: antes, uma mesa, tabuleiro,
dados, seis ou sete pessoas e muita diversão; agora, um mesmo RPG (seja MMO,
email, fórum, etc) disponível para milhões de jogadores, do planeta inteiro, e
muito mais diversão.
Texto por: Marlon Gontijo